11/01/2013
Lote de 11 MPs que sobraram de 2012 traz insegurança para os negócios

Lote de 11 MPs que sobraram de 2012 traz insegurança para os negócios
10 de janeiro de 2013

Benefícios fiscais e reenquadramento no regime de lucro presumido são dúvidas para empresas

Juliana Garçon
jgarcon@brasileconomico.com.br

O Congresso Nacional inicia o ano de 2013 com uma fila de 11 medidas provisórias (MPs) publicadas em 2012 (veja quadro abaixo) para analisar, debater e votar. De algumas delas, dependem as condições para realização de negócios, e a indefinição sobre as regras que alteram leva insegurança aos empresários e atrapalha o planejamento no setor privado e também no próprio governo.

A MP 582, apresentada pela presidente Dilma Rousseff em 21 de setembro, é exemplar. Foi editada para estender para quinze setores a desoneração da folha de pagamentos, substituindo a contribuição previdenciária por uma alíquota de 1% a 2,5% sobre o rendimento bruto, da mesma forma que a MP 563, já convertida em lei, garantiu a uma série de produtos e setores (hotéis, móveis, autopeças, naval, aéreo e de empresas de call center e de projetos de circuitos integrados) no texto original e outros tantos agregados pelos deputados, como transporte de carga e de passageiros (rodoviário, marítimo e aéreo), fabricantes de brinquedos e fornecedores de pedras (granitos e mármores).

Na passagem da medida provisória 582 pela relatoria do deputado Marcelo Castro (PMDBPI), mais 25 segmentos (empresas prestadoras de serviço para obras de construção civil, assistência à saúde no atendimento hospitalar, fabricantes de armas, empresas de táxi aéreo e transporte metroviário, ferroviário e rodoviário de passageiros; empresas de prestação de serviços de infraestrutura aeroportuária; bombas, granadas e outros equipamentos militares; indústrias que usem resíduos sólidos em manufaturas) entraram para o rol de beneficiados.

Terreno pantanoso
Contudo, sem a aprovação do texto, as empresas não têm solo firme para fazer planejamentos, em especial de contratações. Sem saber se a proposta será aprovada no Congresso e se depois haverá algum veto presidencial, as empresas não podem contar com o ovo dentro da galinha e têm de contar com o pior cenário possível, no qual não têm a mudança, diz o advogado Jorge Henrique Zaninetti, sócio do escritório Siqueira Castro. Assim, a medida, que tem por objetivo incentivar contratações de trabalhadores fica neutralizada, sem efeito.

Na mesma situação está a MP 601, que beneficia o setor de construção civil e o varejo com mecanismo idêntico, desonerando a folha de pagamento em troca duma alíquota sobre o faturamento. Ainda no capítulo dos benefícios tributários, a MP 578 permite dedução no Imposto de Renda da depreciação de veículos usados para transportes e a sua votação é aguardada com ansiedade pelo empresariado.

Sem um grande avanço no tema da reforma tributária, o governo entregou algumas iniciativas isoladas no ano passado. Uma delas foi a edição da MP 585, que prevê R$ 1,95 bilhão a estados e municípios exportadores para compensações pelas perdas geradas pela Lei Kandir.

Infraestrutura
A expectativa também é grande em torno da MP 595, que trata da exploração de portos, assunto que fez parte dos pacotes de 2012 que visaram o desenvolvimento da infraestrutura. E, falando em exploração, a medida provisória 592 promete elevar a temperatura dos debates com as novas regras de distribuição entre os estados, dos royalties decorrentes da exploração de petróleo e gás natural.

Outra frente de ação do Planalto fundamental para os resultados da atividade econômica é a redução de tarifas no setor elétrico, que depende da aprovação da medida provisória 579, na qual está previsto um corte em encargos setoriais. Também está empacada a MP 584, que concede isenção tributária para envolvidos na organização das Olimpíadas.O benefício pode chegar a 97% em materiais esportivos importados, conforme levantamento feito pelo BRASIL ECONÔMICO. ¦ J.G.

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