05/08/2013
Imposto fica menor

Imposto fica menor

2 de agosto de 2013


Apesar de assegurar que a inflação está sob controle, o governo brasileiro não cansa de adotar mecanismos para segurar os preços. O mais recente foi a redução do Imposto de Importação (II) de 100 produtos, a partir de 1º de outubro. Todos os itens da lista haviam sofrido, em setembro do ano passado, o aumento da alíquota para 25%. Com a medida, a taxa de cada um deles volta à porcentagem anterior a data. O principal objetivo do corte é minimizar os custos da indústria de transformação, que já vem tendo de lidar com um dólar mais valorizado.

Curiosamente, a medida foi anunciada no mesmo dia em que a balança comercial registrou mais um rombo histórico  de US$ 1,8 bilhões, em julho , mesmo com a divisa norte-americana subindo a cada dia, o que ajuda a elevar os custos da indústria que produz com insumos importados. Essa mudança de alíquota de importação não está preocupada exatamente com o deficit comercial. Ela vai ajudar a diminuir a inflação, afirmou, ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

O chefe da pasta voltou a assegurar o aumento do custo de vida está controlada. Quase todos os índices (referentes a isso) estão negativos. A inflação está sob controle e está caindo para um patamar bastante baixo. Portanto, não foi por isso que tomamos essa medida, mas é claro que ela vai ajudar a baixar preços e a diminuir o impacto do câmbio na inflação, justificou.

Outro fator que contribuiu para a redução do Imposto de Importação foram os reajustes feitos pelos fabricantes nacionais de insumos neste ano. Alguns deles, de quase 20%, contribuíram para pressionar os indicadores de preços. A tendência dessa medida é deflacionária. Ou as indústrias que produzem no Brasil baixam o preço ou haverá uma concorrência internacional, ressaltou Mantega.

Concorrência
O novo patamar do câmbio, na avaliação de Mantega, também favorece essa mudança do imposto. O dólar ultrapassou a barreira dos R$ 2,30, o mais alto valor dos últimos quatro anos. A nossa realidade cambial mudou. Hoje, temos um real mais desvalorizado e, dessa maneira, não faz sentido manter essa elevação de tarifas de importação, afirmou. As alíquotas, segundo ele, variavam de 8% a 12% e foram, em sua maioria, para 25%. Agora, voltarão ao patamar anterior.

O ministro destacou ainda que haverá mais concorrência no mercado interno, uma vez que esses insumos são usados por diversos segmentos da indústria, como o de automobilística, o da construção civil, o de eletroeletrônicos e o de bens de capital. A partir de outubro, haverá uma maior competição de modo a evitar que haja elevação de preços, apostou. Mantega afirmou ainda que não haverá uma segunda lista de mais 100 produtos que teriam o Imposto de Importação elevado, conforme um acordo feito pelos países do Mercosul, em junho de 2012. Procurada, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) não tinha um porta-voz para comentar o assunto.

Estímulos

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, recordou ações que o governo adotou para estimular a indústria nacional, como a desoneração da folha de pagamentos, a prorrogação do PSI (que reduziu a taxa de juros para investimento) e a redução do PIS e da Cofins para a indústria química. Tomamos várias medidas que foram incorporadas por esse segmento, e ele está indo muito bem. A indústria se fortaleceu, ressaltou.

ROSANA HESSEL
Correio Braziliense
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