21/01/2014
Corretora ganha fatia na renda fixa com papéis isentos de IR

Corretora ganha fatia na renda fixa com papéis isentos de IR

20 de janeiro de 2014


As corretoras de títulos e valores mobiliários – antes dedicadas apenas ao mercado de renda variável (ações) – estão conquistando uma fatia de mercado da renda fixa com a distribuição de papéis privados isentos do imposto de renda para investidores pessoas físicas. “O aumento da cobertura do Fundo Garantidor de Crédito de R$ 70 mil para o limite de R$ 250 mil impulsionou esse mercado” resumiu o responsável pela mesa de títulos privados da corretora XP Investimentos, Rubens Nunes Machado.

Dados da Cetip mostram que em 2013, o estoque desse segmento de títulos incentivados pelo governo cresceu 45%, uma expansão de R$ 53,7 bilhões na soma conjunta entre letras de crédito imobiliário (LCIs), certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) e letras de crédito do agronegócio (LCAs) e certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs).

Para 2014, a XP pretende captar R$ 1 bilhão com esses papéis isentos de imposto de renda oferecidos por 35 diferentes emissores. Em 2013, a corretora distribuiu o montante de R$ 800 milhões desses títulos. “A XP foi a pioneira nessa massificação de títulos privados de renda fixa diretamente para pessoas físicas, e hoje várias corretoras pulverizam essa distribuição”, diz Machado.

O executivo explicou que o principal desafio para 2014 será aumentar o acesso à pessoa física e fornecer educação financeira a novos investidores. “A rentabilidade é atraente, oferece ganho líquido entre 89% e 103% da taxa DI [depósito interfinanceiro] e supera a caderneta de poupança”.

O Banco Máxima é a instituição financeira que oferece a maior taxa em letra de crédito imobiliário (LCI), 104% do DI. “Temos 60 parceiros na distribuição, entre corretoras de valores e private bankings [escritórios que atendem clientes milionários]“, quantificou a diretora do Banco Máxima, Claudia Martinez.

Em 2014, o Máxima pretende aumentar a emissão de LCIs para faixa entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões. No ano passado, a instituição emitiu R$ 200 milhões. “Além da garantia do FGC, o lastro de nossas LCIs está em imóveis performados [construídos] nas principais regiões urbanas”, esclareceu Claudia sobre os riscos e as garantias para investidores pessoas físicas.

A exemplo de Machado, Claudia também falou da necessidade de educação financeira e comparou o investimento nesses títulos com a caderneta de poupança. “O investidor precisa conhecer a instituição, as garantias, os fundamentos e o lastro”, orientou.

A diretora destacou a importância do incentivo fiscal nesses papéis para desenvolver o mercado imobiliário e o agronegócio no Brasil. “A emissão desses papéis incentiva novos investimentos imobiliários e no agronegócio levando crédito para construtoras menores e produtores. Esse tipo de captação é muito importante e ajuda a desenvolver esses setores”, concluiu Claudia Martinez.

Na avaliação do presidente da Isec Securitizadora, Nelson Campos, o ano de 2014 poderá gerar mais lastro para a emissão de novos papéis em LCIs e CRIs, o que favorece o crescimento da distribuição ao varejo pessoa física. “No ano passado houve muita entrega de obras pelas construtoras. Em 2014, as empresas devem retomar investimentos no mercado imobiliário”, apontou.

O sócio-diretor da Escola de Negócios Leandro & Stormer, Leandro Ruschel diz os títulos incentivados comprados diretamente nas corretoras são competitivos em relação a determinadas categorias de fundos de investimentos. “A segurança do FGC e com a isenção do IR, um título incentivado como a LCI pode render líquido entre 10% e 15% acima de fundos de renda fixa ou de fundos referenciados em taxa DI”, comparou o diretor.

Em fundos de renda fixa ou DI, o custo médio de administração é de 0,75% ao ano, e no varejo entre 1,05% e 1,20% ao ano. Nas corretoras, o custo oscila entre 0,3% e 0,5% ao ano mais a custódia.

DCI – SP
Ernani Fagundes
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