Corretora ganha fatia na renda fixa com papéis isentos de IR
20 de janeiro de 2014
As corretoras de títulos e valores mobiliários – antes dedicadas apenas ao mercado de renda variável (ações) – estão conquistando uma fatia de mercado da renda fixa com a distribuição de papéis privados isentos do imposto de renda para investidores pessoas físicas. “O aumento da cobertura do Fundo Garantidor de Crédito de R$ 70 mil para o limite de R$ 250 mil impulsionou esse mercado” resumiu o responsável pela mesa de títulos privados da corretora XP Investimentos, Rubens Nunes Machado.
Dados da Cetip mostram que em 2013, o estoque desse segmento de títulos incentivados pelo governo cresceu 45%, uma expansão de R$ 53,7 bilhões na soma conjunta entre letras de crédito imobiliário (LCIs), certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) e letras de crédito do agronegócio (LCAs) e certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs).
Para 2014, a XP pretende captar R$ 1 bilhão com esses papéis isentos de imposto de renda oferecidos por 35 diferentes emissores. Em 2013, a corretora distribuiu o montante de R$ 800 milhões desses títulos. “A XP foi a pioneira nessa massificação de títulos privados de renda fixa diretamente para pessoas físicas, e hoje várias corretoras pulverizam essa distribuição”, diz Machado.
O executivo explicou que o principal desafio para 2014 será aumentar o acesso à pessoa física e fornecer educação financeira a novos investidores. “A rentabilidade é atraente, oferece ganho líquido entre 89% e 103% da taxa DI [depósito interfinanceiro] e supera a caderneta de poupança”.
O Banco Máxima é a instituição financeira que oferece a maior taxa em letra de crédito imobiliário (LCI), 104% do DI. “Temos 60 parceiros na distribuição, entre corretoras de valores e private bankings [escritórios que atendem clientes milionários]“, quantificou a diretora do Banco Máxima, Claudia Martinez.
Em 2014, o Máxima pretende aumentar a emissão de LCIs para faixa entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões. No ano passado, a instituição emitiu R$ 200 milhões. “Além da garantia do FGC, o lastro de nossas LCIs está em imóveis performados [construídos] nas principais regiões urbanas”, esclareceu Claudia sobre os riscos e as garantias para investidores pessoas físicas.
A exemplo de Machado, Claudia também falou da necessidade de educação financeira e comparou o investimento nesses títulos com a caderneta de poupança. “O investidor precisa conhecer a instituição, as garantias, os fundamentos e o lastro”, orientou.
A diretora destacou a importância do incentivo fiscal nesses papéis para desenvolver o mercado imobiliário e o agronegócio no Brasil. “A emissão desses papéis incentiva novos investimentos imobiliários e no agronegócio levando crédito para construtoras menores e produtores. Esse tipo de captação é muito importante e ajuda a desenvolver esses setores”, concluiu Claudia Martinez.
Na avaliação do presidente da Isec Securitizadora, Nelson Campos, o ano de 2014 poderá gerar mais lastro para a emissão de novos papéis em LCIs e CRIs, o que favorece o crescimento da distribuição ao varejo pessoa física. “No ano passado houve muita entrega de obras pelas construtoras. Em 2014, as empresas devem retomar investimentos no mercado imobiliário”, apontou.
O sócio-diretor da Escola de Negócios Leandro & Stormer, Leandro Ruschel diz os títulos incentivados comprados diretamente nas corretoras são competitivos em relação a determinadas categorias de fundos de investimentos. “A segurança do FGC e com a isenção do IR, um título incentivado como a LCI pode render líquido entre 10% e 15% acima de fundos de renda fixa ou de fundos referenciados em taxa DI”, comparou o diretor.
Em fundos de renda fixa ou DI, o custo médio de administração é de 0,75% ao ano, e no varejo entre 1,05% e 1,20% ao ano. Nas corretoras, o custo oscila entre 0,3% e 0,5% ao ano mais a custódia.
DCI – SP
Ernani Fagundes
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