27/05/2014
Guerra fiscal por corte de ICMS chega ao setor aéreo

Guerra fiscal por corte de ICMS chega ao setor aéreo

26 de maio de 2014


Maioria dos estados brasileiros cobra alíquota de 25% sobre combustível de aviação

Rio – A negociação pela redução do ICMS sobre o combustível de aviação (QAV) está levando alguns estados onde a alíquota ainda permanece na casa dos 25% a negociar alternativas que se revertam em aumento de voos nos aeroportos locais e, consequentemente maior movimentação turística, em troca de baixas significativas no imposto. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) que representa as quatro maiores companhias do mercado nacional, o QAV é um dos itens que mais pesa nos custos do setor e chega a 40% dos gastos totais das empresas.

Na avaliação da Abear, a redução do ICMS sobre o QAV não afeta a arrecadação dos estados. Adalberto Febeliano, consultor técnico da Abear, lembra que os estados carregavam o peso dos impostos na aviação em detrimento de outros setores.

“Porém, ao longo do tempo, os estados perceberam que os voos começaram a encolher, reduzindo também a conectividade com outras localidades e automaticamente a geração de negócios. O Rio de Janeiro, que tinha uma alíquota de 30% de ICMS para o QAV, perdeu voos nacionais e internacionais. No governo de Rosinha Garotinho, o imposto chegou a 2% e está em 12%”, diz o especialista, acrescentando que, apesar de os voos internacionais não serem afetados pelo ICMS, custos altos deste imposto também afastam a movimentação no mercado internacional, já que sem voos domésticos não há alimentação de voos internacionais.

De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) o QAV é um dos itens que mais pesa nos custos do setor
Foto: Vanderlei Almeida/AFP

Pouco mais de um ano após ter negociado a redução de ICMS sobre o QAV no Distrito Federal , de 25% para 12%, os resultados dessa mudança foram apresentados ontem pela Abear. O Aeroporto Internacional de Brasília ganhou 206 novos voos e duas companhias aéreas passaram a operar no terminal. Com isso, a malha aérea passou a ter também 36 novos voos internacionais.

“Por conta da redução, houve uma alta de 28% no consumo do QAV neste aeroporto, de 95 mil para 122 mil metros cúbicos. A arrecadação não mudou muito. Era de R$ 56,7 milhões no primeiro trimestre de 2012 e passou para R$ 56,2 milhões no primeiro trimestre deste ano. Houve aumento da conectividade e de movimentação do aeroporto de Brasília”, destaca Febeliano.

“Outros estados estão negociando, caso de Fortaleza, onde a redução do imposto está vinculada a um aumento de voos internacionais, o que já está em andamento com companhias como TAM e Avianca estudando novos destinos de Fortaleza para o exterior”, completa.

No caso de São Paulo, o ICMS permanece em 25% e, pelo visto, não há interesse na redução do imposto. O estado é o que que mais concentra voos nacionais e internacionais no país e se tornou o hub (centro de distribuição de voos) das principais companhias nacionais. Segundo uma fonte do setor, a lógica de reduzir o ICMS para aumentar o número de voos não é atraente para o estado, que já tem sobrecarga de voos e precisa ampliar sua infraestrutura para dar conta da demanda atual.

Brasil Econômico
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