29/09/2014
Sistema da Polícia Federal pode estar repassando aos EUA grampos feitos no Brasil

Empresas vinculadas

Sistema da Polícia Federal pode estar repassando aos EUA grampos feitos no Brasil
27 de setembro de 2014, 16:43

O programa usado pelas operadoras de telefonia do Brasil para fazer interceptações telefônicas quando há autorização judicial é desenvolvido por uma multinacional apontada como auxiliar da Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA, na sigla em inglês, vinculada ao Departamento de Defesa). Há suspeitas de que o conteúdo dos grampos feitos pelo sistema passe às mãos do governo americano durante as investigações e antes mesmo que a Justiça tenha conhecimento de seu conteúdo. Segundo o blog do jornalista Claudio Tognolli, o tema deve ser levado por um grupo de autoridades à presidente Dilma Rousseff.

Em 2013, a divulgação de que comunicações da Presidência foram alvo de espionagem da agência americana gerou uma crise nas relações diplomáticas entre os dois países. Agora, autoridades disseram ao jornalista que o Brasil não tem controle sobre as interfaces usadas pelas empresas de telefonia. Todas elas usam o software Reliant, do grupo Verint.

O pesquisador Stephen Lendman, especializado na área de espionagem e associado ao Centre for Research on Globalization, afirmou ao blog que a NSA “mantém uma relação muito próxima com a Verint e companhias isralenses similares”, circulando entre elas “informações secretas e extrajudiciais”.

“Em resumo, os grampos todos feitos no Brasil podem chegar nos Estados Unidos antes de chegarem nas mãos da Polícia Federal”, declarou uma autoridade ao blog de Tognolli. A Verint, de acordo com o jornalista, mantém parceria com fornecedores em vários países para ajudar a empregar a infraestrutura de interceptação mais econômica possível. Hoje, a central de monitoramento é implantada no mundo todo.

Espionagem global
A rede de espionagem norte-americana tornou-se conhecida em junho do ano passado, quando o jornalista americano Glenn Greenwald publicou no jornal Guardian programas de vigilância adotados pela NSA ao redor do mundo, como o Prism, captando dados, e-mails, ligações e outros tipos de comunicações. As informações foram divulgadas com base em documentos fornecidos por Edward Joseph Snowden (foto), técnico em redes de computação que trabalhou em programas da agência e pediu asilo na Rússia.

Segundo o programa Fantástico, da Rede Globo, documentos fornecidos por Snowden a Greenwald apontam que a NSA espionou a Petrobras com interesse nas transações com o Brasil. Outra reportagem revelou que, além de grandes empresas, a espionagem atingiu a presidente Dilma. Em janeiro deste ano, o presidente americano Barack Obama declarou que aliados dos Estados Unidos não seriam mais espionados.

Revista Consultor Jurídico, 27 de setembro de 2014, 16:43
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