01/12/2014
Taxação de saques no exterior não impediu queda da arrecadação do IOF



Taxação de saques no exterior não impediu queda da arrecadação do IOF

30 de novembro de 2014

Um dos instrumentos que poderia estar reforçando o caixa do governo em ano de crise econômica não está tendo o desempenho esperado. A taxação de saques e de gastos à vista no exterior não impediu a queda real da arrecadação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em 2014.

Segundo a Receita Federal, a arrecadação de IOF somou R$ 24,660 bilhões entre janeiro e outubro, queda de 4,95% em relação ao mesmo período do ano passado descontada a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). De acordo com o órgão, a desaceleração do crédito e outras mudanças promovidas no IOF neutralizaram o efeito da taxação de gastos no exterior.

A desagregação dos dados de arrecadação conforme a modalidade de cobrança ajuda a explicar o desempenho do IOF em 2014. A arrecadação do imposto cobrado na saída de moeda do país sibiu 9,6% acima do IPCA nos dez meses do ano, diferença de R$ 229 milhões descontando a inflação.

A alta ocorreu por causa do aumento, de 0,38% para 6,38% ao ano, da alíquota cobrada sobre saques no cartão de crédito e de débito em outros países. Instituída em dezembro do ano passado, a alteração também afeta os cheques de viagem (traveller checks) e o carregamento de cartões pré-pagos.

A queda real (considerando a inflação pelo IPCA) em outras modalidades de arrecadação, no entanto, anulou os ganhos obtidos com a taxação de gastos no estrangeiro. As receitas do IOF cobrado na entrada de moeda no país caiu 60,65% em 2014 descontado o IPCA. Em valores corrigidos pela inflação, a queda chega a R$ 1,018 bilhão.

A razão da queda está na retirada da barreira a aplicações de estrangeiros no Brasil, em junho do ano passado. Para conter a alta do dólar, o governo decidiu retirar a cobrança de IOF sobre investimentos de estrangeiros em renda fixa e derivativos. A alíquota, de 6% ao ano, foi zerada.

“A retirada do IOF sobre as operações de entrada de moeda foi a principal responsável pelo desempenho negativo da arrecadação neste ano. É importante explicar que a queda é um efeito estatístico provocado pela alta base de comparação no ano anterior”, explica o coordenador de Previsão e Análise da Receita, Marcelo Gomide. Ele ressalta que a natureza do IOF não é ser um imposto arrecadatório, que reforça o caixa do governo, mas regulatório, que regula operações do mercado conforme os interesses do governo.

Outra modalidade que contribuiu para a queda da arrecadação total do IOF neste ano foi a cobrança sobre operações de crédito. As receitas do IOF para operações a pessoas físicas caíram 6,22% descontada a inflação. Em valores corrigidos pelo IPCA, a queda chega a R$ 560 milhões. Nas operações a pessoas jurídicas, a queda acumulada atinge 2,73%, ou R$ 222 milhões, também em valores corrigidos.

No caso do IOF sobre o crédito, a queda real na arrecadação foi motivada pela desaceleração do crédito em 2014. De acordo com o Banco Central, as concessões de crédito no país cresceram 6% no ano, abaixo da inflação acumulada de 6,59% pelo IPCA nos 12 meses terminados em outubro. Com o crescimento inferior à inflação, a arrecadação cai em termos reais, quando se considera a variação do IPCA.

Agência Brasil.
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