Indústria teme que ajuste eleve carga tributária
7 de janeiro de 2015
A maior parte das entidades que representam as indústrias recebeu com tranquilidade o discurso do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e mantém expectativa em relação ao anúncio de medidas mais concretas para redução de custo de produção e elevação de investimento. O receio fica por conta do aumento de carga tributária e, em alguns setores, por conta de um ajuste fiscal que atinja estímulos fiscais à produção.
José Ricardo Roriz Coelho, diretor de competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), acredita que o fim do patrimonialismo mencionado por Levy não deve atingir a indústria de forma geral. Para ele, uma política industrial, diz, inclui aplicar tratamento diferenciado a determinados segmentos estratégicos, como setores que estão na fronteira tecnológica, que não se instalam no Brasil se não houver condições de financiamento ou redução de carga tributária. Isso, diz, pode ser feito desde que haja exigência de contrapartidas.
Humberto Barbato, presidente da Abinee, que reúne a indústria elétrica e eletrônica, avalia que a redução de subsídios mencionada não se aplica a incentivos ao setor produtivo, mas sim a estímulos ao consumo e também a subsídios de crédito a algumas empresas por bancos públicos. Para ele, o ajuste fiscal mencionado por Levy é necessário para a recuperação econômica.
Alguns setores, porém, demonstram inquietação. José Velloso, presidente executivo da Abimaq, que reúne a indústria de máquinas, receia que o “remédio seja tão forte que mate a indústria”. Uma das preocupações é que um corte de gastos derrube benefícios como a desoneração de folha. “Esse benefício é um estímulo e não um presente para a indústria.”
Valor Econômico
Marta Watanabe
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