12/01/2015
Levy sinaliza reforma tributária


Levy sinaliza reforma tributária

12 de janeiro de 2015

Para novo ministro da Fazenda, equilibrado encaminhamento do contencioso tributário estimula eficiência das boas empresas.

“O equilíbrio fiscal é a chave para a confiança e para o desenvolvimento do crédito.”

O novo ministro destacou no discurso a reforma tributária. Na busca pela transparência e solidez das contas públicas, a estabilidade regulatória, o incentivo à concorrência e o diálogo com os agentes econômicos, Levy declarou que poderão ocorrer ajustes em alguns tributos.

“Possíveis ajustes em alguns tributos serão também considerados, especialmente aqueles que tendam a aumentar a poupança doméstica e reduzir desbalanceamentos setoriais da carga tributária.”

E ainda acrescentou: “Qualquer iniciativa tributária terá que ser coerente com a trajetória do gasto público.”

Tributo em foco

Durante o evento no auditório do BC ontem, Joaquim Levy falou em “harmonizar o ICMS”, por meio de alíquotas interestaduais que desestimulem a guerra fiscal.

“Muito já se avançou nesses entendimentos, e o eventual sucesso de um acordo em que o Senado estabeleça trajetórias declinantes para as alíquotas ditas ‘na origem’, e os Secretários de Fazenda eliminem o risco jurídico de benefícios já concedidos, favorecerá, em muito, a retomada do investimento em todo o país.”

Para Levy, é preciso guiar as ações para diminuição dos custos e aumento das exportações. Outro comentário do novo ministro foi sobre a carga tributária, que em sua opinião só será estabilizada “à medida que gasto público tiver em trajetória que dê conforto e facilitem o crescimento”.

“A agenda tributária dos próximos semestres deve ainda considerar medidas de simplificação de tributos e obrigações acessórias, algumas demandadas há bastante tempo.”

Quanto à expansão do mercado de capitais e o financiamento da infraestrutura, Levy crê ser essencial a harmonização da tributação dos instrumentos e veículos de investimento. De acordo com ele, o tratamento diferenciado às pequenas e médias empresas continuará.

CARF em alta

Levy assegurou no discurso de posse que será dada “renovada ênfase” ao CARF para fortalecê-lo.

“Assim serão garantidos os supracitados princípios da impessoalidade e o aumento da eficiência de processos, este instaurado desde a frutuosa presidência do estimado Secretário Barreto, da Receita Federal do Brasil. A minha experiência indica que o equilibrado encaminhamento do contencioso tributário é um poderoso instrumento para a conformidade e estímulo à eficiência das boas empresas.”

Caminho sem atalhos

Lembrando que a LC 101 prevê criteriosa análise e medidas compensatórias para qualquer benefício fiscal ou redução de impostos, o comandante da Fazenda afirmou:

“Não podemos procurar atalhos e benefícios que impliquem em redução acentuada da tributação para alguns segmentos, por mais atraente que elas possam ser, sem considerar seus efeitos na solvência do Estado, face à expansão persistente dos gastos obrigatórios ou não. Porque essa seria a fórmula para o baixo crescimento endêmico.”

Ao fim, Joaquim Levy assegurou a promoção de grande mudança na economia tupiniquim.

“A combinação do fortalecimento fiscal com medidas na área da oferta, que aumentem a poupança, diminuam o risco dos investimentos, inclusive em infraestrutura, e deem confiança e independência à iniciativa privada, permitirá que essa transformação se dê com o menor sacrifício possível e máximo resultado.”

Veja a íntegra do discurso de Joaquim Levy.

Perfil

Joaquim Levy é PhD em economia pela Universidade de Chicago e mestre em economia pela Fundação Getúlio Vargas. Ele é graduado em Engenharia Naval pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Entre 1992 a 1999, fez parte da equipe do FMI e, de 1999 a 2000, trabalhou como economista visitante no BC Europeu.

Em 2000, foi nomeado secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda e, em 2001, economista-chefe do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Em 2003, tornou-se secretário Tesouro Nacional, onde ficou até 2006, quando assumiu a vice-presidência de finanças e administração do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Entre 2007 e 2010, Levy foi o secretário de Estado da Fazenda do RJ. De 2010 até o final de 2014, ocupou o cargo de estrategista-chefe e diretor responsável pela gestora de ativos do Banco Bradesco. No dia 1º de janeiro de 2015, foi nomeado ministro da Fazenda pela presidenta Dilma.

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