22/01/2015
Bens de consumo duráveis serão os mais castigados pelo aumento do IOF


Bens de consumo duráveis serão os mais castigados pelo aumento do IOF

21 de janeiro de 2015

Estudo da Anefac aponta que, com a alta do tributo, o financiamento de um carro de R$ 25 mil em 12 vezes, com juros de 1,84% ao mês, terá um acréscimo R$ 421,32 no valor total da compra

São Paulo – O aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no crédito dos consumidores deverá ter maior impacto sobre as vendas de mercadorias e serviços mais caros, especialmente os bens de consumo duráveis.

Uma simulação feita pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) aponta que as operações de crédito que envolvem bens de maior valor agregado sofrem mais com a alta da alíquota.

Uma geladeira de R$ 1,5 mil, parcelada em 12 vezes no comércio com juros de 4,85% ao mês, por exemplo, sofrerá uma alta de R$ 2,52 nas prestações e R$ 30,24 no total do financiamento, conforme aponta o estudo. Já um carro de R$ 25 mil, financiado em 12 vezes com juros de 1,84% ao mês, terá um alta de R$ 35,11 nas parcelas e R$ 421,32 no total do crédito.

Segundo Altamiro Borges, assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), além de serem castigados pelo aumento do IOF, os bens duráveis também sofrerão com a alta dos juros em 2015 – a expectativa do mercado é que a taxa básica (Selic) suba 0,5 pontos percentuais na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e chegue a 12,25% ao ano.

“Estamos com perspectivas bastante desalentadoras para os bens duráveis para este ano. Eles devem sofrer duplamente agora, com a alta do IOF”, afirmou Borges.

Contenção do consumo

Para Miguel Oliveira, diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac, o aumento do IOF isoladamente terá pouco impacto na contenção do consumo, porém, quando somada a outras variáveis como a alta dos juros, o aumento das tarifas públicas (combustíveis, energia elétrica, transporte) e a inflação, a medida deverá ser um item importante para ajudar a segurar as rédeas da economia.

“O conjunto vai desmotivar o consumidor a assumir dívidas [tomar empréstimos]. Somando todas as variáveis, a perda do poder de compra vai ser maior do que o que ele vai ter em reajuste salarial”, observou o economista.

Na avaliação de Borges, somente a alta do imposto já serve como um freio para o consumo, uma vez provoca alavancagem de outras variáveis, afetando o custo final.

De acordo com ele, os estudos da FecomercioSP apontam para baixa intenção de consumo pelas famílias, alimentada pela incerteza com relação a desempenho da atividade econômica, que pode afeta a renda e o emprego das pessoas.

Crédito

Oliveira avaliou que, além de impactar na demanda por crédito, a elevação do IOF junto às outras variáveis também influenciará na oferta. De acordo com ele, os bancos terão mais rigor nos empréstimos, enquanto o comércio vai tentar absorver as medidas para evitar a queda das vendas, pressionando o crédito.

Dados do Banco Central apontam que o saldo empréstimos com recursos livres – em que os juros são definidos pelos bancos – tiveram uma alta de 4,7% em novembro de 2014, com relação ao mesmo período de 2013. Se descontada a inflação, acumulada em 6,56% naquele mês, o estoque de crédito já registra evolução negativa de 1,86%.

De acordo com Borges, os empresários e lojistas já estão demandando menos crédito e trabalhando com estoques menores.

Pedro Garcia
DCI – SP
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