Arrecadação tem queda real pela primeira vez desde 2009
O número ficou bem abaixo do que o governo esperava no início de 2014; total recolhido somou R$ 1,187 trilhão
por Martha Beck
28/01/2015 15:36
Agência O Globo
BRASÍLIA - O fraco desempenho da economia e as reduções de tributos feitas pelo governo nos últimos anos bateram em cheio na arrecadação de 2014. A Receita Federal informou nesta quarta-feira que o total recolhido com impostos e contribuições federais no ano passado somou R$ 1,187 trilhão. O número representa uma queda real (já descontada a inflação) de 1,79% em relação a 2013. Essa foi a primeira retração desde 2009, quando o Brasil sofreu os efeitos da crise financeira internacional e as receitas recuaram 2,66%.
Veja Também
Austeridade, o vento que seca o bolso do brasileiro
Juros para pessoa física podem ir a 1,31%
Confiança do consumidor cai 6,7% em janeiro e vai ao menor nível em quase dez anos
Brasil abre menos de 400 mil vagas formais de trabalho em 2014
O número ficou bem abaixo do que o governo esperava no início de 2014. O Fisco começou o ano estimando um crescimento de 3,5% na arrecadação. Depois, a expectativa passou para 2% e, logo em seguida, para 1%. Mas em novembro, a Receita já alertava para a possibilidade de as receitas registrarem crescimento zero ou mesmo uma queda real.
Segundo o Fisco, em dezembro, a arrecadação somou R$ 114,748 bilhões. O número representa uma queda real de 8,89% sobre o ano anterior. Isso ocorreu apesar ajuda de um programa de refinanciamento de dívidas tributárias (Refis) que foi implementado a partir de agosto.
REFIS
Somente no último mês do ano, o Refis deu aos cofres públicos uma ajuda extra de R$ 2,448 bilhões. Sem ele, o total arrecadado seria ainda menor. Já no acumulado de 2014, o reforço dado por esse parcelamento chegou a R$ 19,494 bilhões.
Por outro lado, as desonerações feitas pelo governo tiveram impacto negativo de R$ 104,043 bilhões na arrecadação. O valor representa um crescimento de nada menos que 32,4% em relação ao ano anterior.
O maior peso veio da redução dos encargos sobre a folha de salários - cuja renúncia fiscal somou R$ 21,568 bilhões. Já com a desoneração da cesta básica, o governo abriu mão de R$ 9,331 bilhões no ano passado.
Segundo o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, ainda não é possível fazer previsões para o comportamento da arrecadação em 2015:
- A arrecadação não é fruto de uma simples estimativa matemática. Não podemos dizer como vai ser o placar quando temos apenas 20 minutos de jogo.
O GLOBO
|