Quatro formas de pessoas ricas esconderem seu dinheiro
16/04/2015
Contas em bancos suíços não são mais um segredo, mas há outras maneiras de manter seus bens longe de olhos invejosos
Norte-americanos ricos estão ficando sem opções para esconder seu dinheiro. A receita não tem sido misericordiosa em desmascarar contas secretas em bancos da Suíça – dúzias de bancos no país estão cooperando com a agência. Só no mês passado, um acordoa com o banco privado BSI revelou que banqueiros usavam linguagem codificada e cartões de crédito anônimos para ajudar norte-americanos a evitar impostos. O Credit Suisse e o UBS, maiores bancos do país, já pagaram multas por ações similares.
O resto do mundo também está mais inóspito com sonegadores dos EUA. Uma lei federal de 2010 no país obriga que todos os bancos estrangeiros se reportem à receita norte-americana sobre seus clientes do país. Isso está funcionando tão bem que os americanos que não estão nos EUA dizem que estão com problemas para abrir contas em bancos, mesmo que para propósitos legítimos. Os bancos não querem essas dificuldades regulatórias e essa burocracia.
O que sobrou para norte-americanos discretos e que não gostam de impostos? Não muita coisa, dizem contadores e advogados. Veja quatro maneiras para os ricos manterem seu dinheiro em segredo ou diminuírem seus impostos – ainda que raramente seja possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
Ir ao exterior
Há razões legítimas para possuir uma conta no exterior. Norte-americanos que moram em outros países podem querer pronto-acesso a seu dinheiro. Um fundo estrangeiro pode oferecer mais proteção contra credores ou processos. Uma sociedade limitada no exterior pode permitir que você esconda aspectos de seus negócios de competidores. Isso é “totalmente legal”, disse Martin Press da companhia de advocacia Gunster Law Firm. “Você pode ter dinheiro em qualquer lugar do mundo”.
Mas isso não é mais um truque tão bom para evitar impostos como costumava ser. Tradicionalmente, bancos em paraísos fiscais como a Suíça não reportavam essas contas à receita dos EUA, tornando possível esconder não apenas a quantia que há na conta, mas toda a sua existência. A nova legislação está acabando com essa possibilidade, entretanto.
Esconder-se
Os ricos frequentemente usam companhias fantasma, como sociedades limitadas, para comprar propriedades ou investimentos, de forma que o nome da companhia, não do indivíduo, aparece nos documentos públicos. Essas estruturas também são usadas para compras em fundos de hedge, capital privado e fundos de capital de risco: investidores ricos normalmente querem evitar solicitações infinitas de outros investimentos. “Uma vez que você entra na lista de alguém, você se torna alvo de todas as propostas”, diz Domingo Such, parceiro na companhia Perkins Coie. Ainda que outros investidores não fiquem sabendo do seu investimento, a receita federal ainda saberá, porque essas companhias precisam preencher relatórios de impostos todos os anos.
Use um fundo
Fundos podem ser usados para manter bens escondidos de vizinhos interesseiros e manter os impostos baixos. Lucros de propriedades ou investimentos mantidos em fundos chegam a seus beneficiários livres de impostos do estado e de doação. Esses beneficiários também podem evitar impostos de renda regulares – se o fundo, e não o indivíduo, pagar o imposto. Outra vantagem é a forma como eles passam automaticamente a herdeiros após a sua morte. De outra forma, seus bens podem ser pegos no sistema de legitimação de testamento, que frequentemente é bastante público.
Contrate um especialista
Os ricos ainda podem pagar por contadores sofisticados, que passam anos buscando por maneiras legais de evitar impostos altos. Um relatório do Senado dos EUA recentemente identificou algumas estratégias esotéricas que se baseiam em derivativos ou compensações deferidas para diminuir impostos. Na maior parte das vezes, a meta não é esconder dinheiro, mas controlar os momentos de movimentação de renda e em que forma ela entra. Por exemplo, contribuintes podem pagar taxas mais baixas se a renda estiver no formulário de ganhos de capital de longo prazo em vez de renda ordinária.
Ainda assim, os clientes são cuidadosos a respeito de um planejamento agressivo sobre impostos, especialmente se isso envolve quaisquer transações fora do país, diz David Gannaway, ex-agente da receita federal dos EUA e agora contador na O’Connor Davies em Nova York. Contribuintes sabem como a receita está observando o que acontece fora do país, e o efeito é similar a quando um motorista sabe que a polícia está observando quem ultrapassa os limites de velocidade. “Eles não estão dirigindo a 180 por hora, mas estão a 85 com o pé próximo do freio”.
Por Bloomberg • Paula Zogbi
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