Zelotes: Ligações familiares marcam suposta rede de fraudes no Carf
24 de abril de 2015
PF apura se empresas pagavam propina a conselheiros para reverter multa aplicada pelo fisco
Uma série de ligações familiares marcam a suposta rede de venda de decisões no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) investigada pela Polícia Federal. Parte dos consultores suspeitos de oferecer a grandes empresas ajuda para anular multas aplicadas pela Receita tem parentes no órgão responsável por julgar os recursos das companhias.
De acordo com a Polícia Federal, empresas brasileiras e multinacionais são suspeitas de pagar propina a integrantes do conselho para ter suas multas anuladas. O pagamento, segundo o apurado na operação Zelotes, seria feito com a ajuda de intermediários, sócios de consultorias de fachada.
Um dos investigados pela PF é Edison Pereira Rodrigues, sócio da consultoria SGR. Ele é pai da conselheira Meigan Sack Rodrigues.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, Rodrigues enviou, em 2011, e-mail a uma montadora oferecendo facilidades durante o julgamento de um recurso. A empresa teria “95% de chances” de ter o recurso aprovado caso contratasse seu serviço. Senão, “perderia com certeza”.
Meigan, a filha de Rodrigues, já teria sido flagrada em um grampo telefônico autorizado pela Justiça, afirmando ter ganhado cerca de R$ 1 milhão por causa de “um auto”. Na escuta, não fica claro se o dinheiro foi propina. Nem é possível saber a que auto ela se refere.
Os policiais federais suspeitam que Edison e Meigan agissem em conjunto. Ela teria entrado no Carf por influência do pai, que chegou a presidir o órgão na década passada. Só em 2004, quando deixou o conselho, Rodrigues tornou-se sócio da SGR.
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Outro investigado na operação Zelotes é Leonardo Siade Manzan, genro do ex-secretário da Receita Otacílio Dantas Cartaxo, que também já presidiu o conselho.
A casa de Manzan foi alvo de mandadosde busca e apreensão no último dia 26, quando a operação Zelotes foi deflagrada. No local foram apreendidos R$ 800 mil. Cartaxo não estava inicialmente na lista de investigados da PF, mas foi incluído nas investigações neste mês.
Como nenhum dos dois integra o Carf, não há indícios de que eles agissem em “dobradidnha”.
Um terceiro caso de parentesco é entre Francisco Maurício Rebelo de Albuquerque Silva, integrante do Carf, e Eduardo da Fonte, líder do PP na Câmara. Francisco é pai de Eduardo.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, processos relatados por Francisco estão na mira da PF, embora ele não apareça na primeira lista de suspeitos enviados à Justiça Federal. O PP também tem recursos no Carf sob investigação, segundo a Folha de S.Paulo. O deputado Fonte, porém, não é investigado.
Na tarde de quinta-feira (23), o R7 tentou contato com os investigados citados na reportagem, mas não conseguiu localizá-los.
R7
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