24/05/2008
Gilmar Mendes sacode as estruturas do velho STF

Gilmar Mendes sacode as estruturas do velho STF
por Rodrigo Haidar

Ao completar seus primeiros 30 dias como presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro Gilmar Mendes mostra que está disposto a consolidar o reposicionamento do tribunal no contexto dos poderes e da Justiça na sociedade. E que não está preocupado em fazer amigos nesse itinerário.

Nessas quatro semanas de governo, o ministro conduziu a aprovação de três súmulas vinculantes  o mesmo número de súmulas aprovadas ao longo dos dois anos anteriores à sua posse , votou mudanças regimentais que agilizam o trabalho nas comissões do tribunal, colocou em pauta os primeiros recursos com repercussão geral e, de quebra, viajou para Roraima antes de julgar a ação que contesta a demarcação contínua da reserva indígena Raposa Serra do Sol.

Ele comandou a ousadia de conter as Medidas Provisórias do Planalto, com que se vinha alterando o orçamento com sucessivos créditos extraordinários. Com isso, estabeleceu-se um novo padrão de relacionamento entre os três poderes.

A direção do CNJ também deve dar uma guinada sob sua batuta. Um ministro do Supremo observou que num Judiciário tão carente de eficiência administrativa e que não consegue cumprir bem sua atividade-fim de distribuir justiça, comportamentos como o de Gilmar mostram que mudar é não apenas necessário, mas, sobretudo, possível.

Palavra de honra

Ao trazer já na próxima quarta-feira seu voto para retomar o julgamento sobre a constitucionalidade das pesquisas com células-tronco embrionárias, o ministro Menezes Direito, do STF, confirma o que teria confidenciado a um colega de Corte. Colocaria o tema na pauta em breve, mas não enquanto a ministra Ellen Gracie estivesse na Presidência.

Direito teria se ressentido, não só pelo pito público que a ministra decidiu passar-lhe quando ele pediu vista e adiou a decisão, mas por ela ter desrespeitado a liturgia da sessão e adiantado o voto
« VOLTAR