18/08/2015
Novo ministro do STJ deve ficar com relatoria de Habeas Corpus da "lava jato"

Relator prevento

Novo ministro do STJ deve ficar com relatoria de Habeas Corpus da "lava jato"


17 de agosto de 2015, 22h31

Por Pedro Canário

O desembargador federal Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, indicado nesta segunda-feira (17/8) para ser o novo ministro do Superior Tribunal de Justiça, deve ser o novo relator dos Habeas Corpus da operação “lava jato” na corte. Navarro é integrante do Tribunal Regional Federal da 5ª Região e ainda precisa passar por sabatina no Senado, mas, depois de aprovado, ocupará uma cadeira na 5ª Turma, para onde estão vão os HCs da operação.

Hoje, o relator prevento para os recursos da “lava jato” é o desembargador convocado Newton Trisotto. No STJ, diante do excesso de demanda, quando um ministro aposenta e deixa uma vaga, o tribunal pode convocar desembargadores de tribunais de Justiça ou de TRFs. Trisotto é integrante do TJ de Santa Catarina.

Pela regra do STJ, os novos ministros podem escolher a vaga que vão ocupar. O tribunal hoje tem duas vagas na 5ª Turma, que julga matéria criminal. Em uma delas está Trisotto e na outra o desembargador Leopoldo Raposo, do TJ de Pernambuco. Navarro pode escolher qualquer das vagas, o que acarreta na saída do desembargador do STJ.

A relatoria por prevenção, embora signifique a concentração de todos os casos sobre determinado assunto em um julgador, também acontece por sorteio. E alguns ministros do STJ têm manifestado preocupação com o fato de um convocado (portanto, não um titular) estar no comando dos Habeas Corpus da “lava jato”.

O que incomoda é o nível de politização da operação, o alto teor explosivo das investigações e a atenção que o processo vem recebendo da imprensa. A leitura que os ministros fazem é que, como o desembargador convocado não é titular da cadeira em que está e não tem as mesmas garantias de um ministro, pode estar mais suscetível a pressões.

Os convocados não têm, por exemplo, a garantia da inamovibilidade. Eles estão lá para “tapar os buracos” deixados pelas aposentadorias. Portanto, vão para onde é preciso que estejam. Costumam ficar nas turmas criminais porque os ministros do STJ que não são oriundos dessa área fogem delas: um civilista ou tributarista dificilmente vai se acostumar com a quantidade de HCs, que têm regime de urgência, que chegam ao STJ todos os dias.

A relatoria de Trisotto dos HCs da "lava jato" tem sido bastante criticada por advogados e até por alguns membros do STJ. Ele tem se limitado a manter as prisões já confirmadas pelo TRF-4, mas os comentários que faz a respeito do caso têm incomodado.

Navarro chegou ao STJ na vaga do ministro Ari Pargendler, aposentado em setembro de 2014. Foi o segundo mais votado na lista tríplice de candidatos à vaga, mas contou com apoio do presidente do STJ, ministro Francisco Falcão, do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do governador de Alagoas, Renan Calheiros Filho.

Pedro Canário é editor da revista Consultor Jurídico em Brasília.
Revista Consultor Jurídico, 17 de agosto de 2015, 22h31
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