GAZETA EMRCANTIL - DIREITO CORPORATIVO
Escritórios têm dificuldades em contratar advogados societários
Em 2007, devido o aquecimento da economia, o direito societário e o mercado de capitais (IPO) impulsionaram a procura de advogados especializados nessa área. Apesar do baixo volume de IPOs (abertura de capitais no mercado acionário) realizados este ano, o mercado continua bastante aquecido. Atualmente as fusões e aquisições (M&A) e private equity herdaram estes profissionais e os escritórios procuram aumentar seu quadro de advogados societários.
"O ano é de consolidação e as empresas continuam a buscar profissionais nessa área", afirma o gerente Carlos Ferreira, da divisão Legal da Michael Page, empresa de recolocação profissional. A remuneração que havia aumentado em 30% em dois anos, nesse período de consolidação é complementada por outros estímulos, caracterizados de remuneração variável. Ou seja, além do salário fixo, há bonificações ou participação em projeto, por exemplo, segundo o gerente.
Para a gerente Maria Emília Azevedo, da empresa de recrutamento Hays Recursos Humanos, o número de profissionais especializados em fusões e aquisições ainda é escasso, "porque a visão não pode ser só técnica, mas também financeira e há poucos que têm essa noção". "A empresas continuam a brigar por esses profissionais. E a expectativa de mercado de capitais é que seja ainda maior do que em 2007", prevê Maria Emília. E revela que 30% das posições de recrutamento da empresa em aberto são na área societária.
Para o advogado Gustavo Haddad, do escritório Lefosse Advogados, no mercado de societário, o que hoje mais demanda advogados especializados é com relação às fusões e aquisições internacionais, que exigem um profissional com experiência internacional e que possa suprir tanto a demanda interna quanto a externa.
"Antes os escritórios contratavam mais advogados para cuidar dos IPOs, atualmente as ações de private equity e de M&A estão muito mais exigentes no mercado e, por isso, houve uma mudança para a demanda nessa área", confirma Haddad, que está contratado mais três pessoas para integrar a equipe que conta atualmente com 20 profissionais.
A advogada Priscila Sartori Pacheco e Silva, do escritório Demarest & Almeida, também está contratando advogados societários. "Ainda é um mercado muito valorizado e é difícil de encontrar alguém, principalmente com os mais jovens". O advogado Ricardo Madrona, do escritório MHMK (Madrona, Hong, Mazzuco, Kawamura) Advogados, que também está à procura de advogados que tenham experiência em fusões e aquisições, tem a mesma opinião de Priscila. Para ele, o mercado está escasso de bons profissionais formados já nos bancos universitários, "há muita quantidade, mas baixa qualidade", comenta.
A banca também está formando seu quadro de advogados societários. Perguntado sobre o número de vagas, o advogado brinca dizendo que se não teria alguém para indicar, expondo a dificuldade em preencher as vagas. "Precisamos de seis a sete pessoas, entre estagiários e formados", contabiliza Madrona, somando ao quadro de mais cinco em aberto para as áreas trabalhista, tributária, contencioso ligados a área de fusões e aquisições.
Tributário pega carona no aquecimento do mercado
Outra área que está ligada diretamente ao societário e que demanda advogados é a tributaria, "justamente pelas grandes mudanças do nosso sistema tributário, na qual precisamos sempre nos atualizar", argumenta Gustavo Haddad, do escritório Lefosse Advogados. "As duas caminham juntas e a demanda é proporcional, mas não é só no societário que funciona assim", contextualiza o advogado, explicando que contencioso e trabalhista também são procuradas ao mesmo tempo para formar o grupo direcionado a fusões e aquisições. No entanto, as demais não apresentam um número tão grande de vagas em aberto quanto a tributária.
O gerente Carlos Ferreira, da Michael Page, afirma que a tributária é uma área que, com aquecimento ou não do mercado, os escritórios sempre buscam novos profissionais. "Quando o mercado está em crise serve para rever o que deverá ser contido e, sem crise, para planejar como, com a fusão ou aquisição, deverá enquadrar dentro das leis tributárias", explica.
O gerente Paulo Moraes, responsável pela divisão tributária da Hays, confirma a posição do advogado. "No Brasil, a base tributária é diferencial. Qualquer operação impacta na área tributária", diz o executivo. "Se for fazer uma aquisição, precisa quantificar numericamente o que pode ser feito. Ou seja, o societário vai preparar o documento, tributário vai medir o impacto, o fiscal vai ver se tem ágio, qual é a parte financeira, qual é o planejamento tributário, por isso acaba contratando mais pessoal", analisa.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 13)(Fernanda Bompan)
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