30/03/2009
Preço de carro Nano seria três vezes maior no Brasil devido a impostos e taxas

Segunda-feira, 30 de Março de 2009.
Preço de carro Nano seria três vezes maior no Brasil devido a impostos e taxas
Fonte: O Globo | Data: 27/3/2009


RIO - Especialista em tributos e professor da Fundação Getúlio Vargas, Francisco Barone fez um estudo sobre importações de carros por distribuidores brasileiros. Consultado, topou o desafio de calcular quanto custaria o Nano - carro fabricado pela Tata Motors da Índia e considerado atualmente o mais barato do mundo - se fosse importado por uma empresa para ser vendido em concessionárias brasileiras. O resultado é um preço três vezes maior do que o anunciado para os indianos: R$ 14.500. Na Índia, o carrinho de três metros custará US$ 2.103,82, ou cerca de R$ 4.628,43.

O estudo feito pelo professor Barone considera impostos, frete para o transporte, custos com despachantes, os custos do porto e ainda a margem do revendedor.

Clique aqui e conheça os segredos que fazem do Nano o carro mais barato do mundo.

Apesar do crescimento geométrico do preço, a importação ainda levaria ao consumidor o veículo mais em conta do mercado. O carro mais barato do Brasil atualmente é o Uno Mille 1.0 Flex de duas portas. Na tabela da montadora, sem qualquer opcional, ele custa R$ 21.754, já com a redução de IPI. Em uma rápida busca nos anúncios de jornal, ainda é possível encontrá-lo numa concessionária por R$ 21.490. O preço do Mille é 48% mais caro do que custaria o Nano no Brasil.

Confira mais imagens do Nano .

Descubra abaixo como um carro que custa o equivalente a R$ 4.628,43 (taxa de câmbio a R$ 2,20), pode chegar ao Brasil com custo três vezes maior, R$ 14.500.

Para se trazer um veículo de qualquer parte do mundo (fora Mercosul) para o Brasil, o revendedor paga quatro taxas ao Estado: Imposto de Importação (II); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM). Segundo Barone, para os veículos abaixo de 1.000cc, os conhecidos carros mil, as alíquotas dos tributos são: II, 35%; IPI, 7%; ICMS, 12%, que correspondem a um percentual de 61,78% sobre o valor do Preço Base da Índia. O AFRMM equivale a 25% do valor do frete marítimo que, por sua vez equivale a 3,5% do preço na Índia. O resultado é um adicional de R$ 4.158,37.

Para receber o carro num porto brasileiro, Barone explica que é preciso desembaraçá-lo, ou seja, passar por toda a burocracia da Receita Federal para importação, pagar despachante, taxas, armazém para desembaraço do veículo, movimentação no porto e outros custos de operação. Isto representa mais R$ 571,97.

Até aí, o carro custaria R$ 9.358,77. Mas falta um custo importante, a margem do importador. Dentro dela, não está apenas seu lucro, mas o custo para manter as concessionárias, a rede de distribuição, outros impostos e seus funcionários. Hoje, ela é, em média, de 35,46%, segundo Barone. O que dá R$ 5.141,23.

No fim, somando todos estes custos, o carro sairia por R$ 14.500.

Como é fabricado hoje, carro não poderia ser importado

No entanto, o modelo básico do carro fabricado na Índia não poderá ser importado para o Brasil. Só a ausência de uma roda sobressalente, com aro e pneu capazes de substituir a original já o impediria de circular nas ruas. Esta uma das exigências do Código de Trânsito Brasileiro, a Resolução 14 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). O estepe do Nano é um pneu reserva de qualidade inferior capaz de rodar poucos quilômetros.

No dia 19, o presidente Lula sancionou a lei que torna obrigatória a instalação de airbag dianteiro em todos os veículos novos fabricados no Brasil ou importados , mais um item que não está na lista de acessórios do Nano.



« VOLTAR