Terça-feira, 3 de Novembro de 2009.
Empresa londrinense dribla impostos dentro da lei e cresce 30% em um ano
Fonte: Portal Rpc
Fábio Luporini
Para driblar a pesada carga de impostos e conseguir margem para investimentos, mesmo em tempos de crise, uma empresa de Londrina encontrou alternativas dentro da lei. Um conselho tributário foi criado há um ano e meio na Serilon, empresa londrinense de médio porte, para avaliar e viabilizar opções de tributos mais baratos. Com planejamento, a equipe conquistou o 54º lugar no ranking das que mais crescem no Brasil, avaliado pela Revista Exame.
Ao todo, a Serilon cresceu aproximadamente 30% do ano passado para cá, apesar da crise financeira mundial, abriu duas unidades fora de Londrina e deve inaugurar dentro de um mês outra filial, desta vez em Manaus, no Amazonas. Em março, foi em João Pessoa (PB), e em maio, em Campinas (SP). A empresa paga 14% de impostos sobre o faturamento, mas é preciso ter muita estratégia e planejamento, afirmou o diretor administrativo da empresa, Moacir Coschela.
O conselho tributário analisa alternativas para conseguir descontos em impostos e incentivos fiscais. Tentamos buscar dentro da legalidade alternativas para abertura de novas unidades, processo de importações mais baratas, entre outros, afirmou Coschela. Planejamento tributário é o que a empresa deve ter, na avaliação do secretário municipal de Fazenda, Denílson Novaes. Ela tem que entender e aprender a lidar com isso, disse.
Para as empresas, conforme afirmou Novaes, é vantajoso uma equipe específica para analisar tributos. Setores contábeis entendem e acompanham a legislação tributária e usam as leis a seu favor, ressaltou. Foi com esse objetivo que surgiu o comitê. A intenção era ajudar a diretoria a repensar o negócio do ponto de vista tributário. Como não há espaço para sonegação, é preciso buscar alternativas legais que nos possibilitem recolher o menor tributo possível e crescer, destacou o advogado da empresa, Charles Ribeiro.
O planejamento tributário também é a melhor alternativa na opinião do consultor do Sebrae, André Basso. A empresa pode ver em qual enquadramento fiscal ela está e poder usufruir benefícios, apontou. Ele citou exemplos como empresas que mudam de lugar para obter incentivos. Isso reduz o custo operacional e amplia a margem de contribuição, que sobra para pagar custos fixos, disse.
De acordo com Basso, optar por alternativas que reduzem impostos e trazem benefícios e incentivos fiscais, é uma forma não convencional de economizar e poder investir mais. Ela arranja uma maneira diferente de se autofinanciar e conseguir capital de giro. Isso de maneira não convencional, mas legal, afirmou.
O consultor explicou que muitas empresas crescem buscando empréstimos e financiamentos, mas com o planejamento tributário, a equipe pode investir mais com seus próprios recursos. Sobra mais dinheiro para investir, com nível de comprometimento zero, já que ela não sofrerá prejuízos pela sonegação, avaliou.
Alternativas
Um dos exemplos é a decisão sobre a importação. Segundo Ribeiro, o Porto de Paranaguá foi escolhido para as importações da empresa, já que ofereceu incentivos fiscais. Como nossa matriz centralizadora é em Curitiba, é melhor escolher Paranaguá. Seria diferente se [as mercadorias] entrassem por Vitória ou Santos. Teríamos que mudar o centro de distribuição, explicou.
A opção por Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) mais barato é outro exemplo. Se eu mandar uma compra expressiva de uma loja do Paraná para outro estado, haverá acréscimo de ICMS, porque o imposto é diferente nos estados. Então a gente negocia a venda direta do centro de distribuição, sem passar pela loja. Isso faz com que haja um custo menor e o grande volume justifica o tipo de operação, afirmou Ribeiro.
Entretanto, para encontrar as melhores opções em 29 unidades espalhadas em 13 estados do país, com legislações diferentes, é preciso estudar o assunto. A gente se atualiza dia a dia, lemos revistas técnicas. Mas a legislação muda a cada dia, que é uma das dificuldades. Como a gente vende para todos os estados, temos que estudar alíquotas diferentes, explicou o contador da empresa, Carlos Cestari.
Mesmo assim, o secretário municipal de Fazenda alertou para opções baratas que podem, na realidade, ser mais caras. A empresa sai de Londrina e vai para uma cidade distante 200 quilômetros, por exemplo, porque lá há um terreno de graça. Ela tem uma vantagem imediata, mas o custo da distribuição pode ser maior e ela pode não ter mão de obra especializada.
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