Notícias > Jornal do Brasil | IRPF | 04/12/2009
ALTA DA SELIC LIVRA POUPANÇA DE IR
Consultor da feira Expo Money, especializado em planejamento familiar e autor de dois livros sobre o assunto, Augusto Sabóia ressalta que os fundos de renda fixa (títulos prefixados) estão com rendimento prejudicado neste momento, devido à perspectiva de aumento da Selic (taxa básica de juros, hoje em 8,75% ao ano) em 2010. Em entrevista ao JB, Sabóia lembra que o Banco Central deve elevar os juros em 0,5% ou 1%, o que trará uma reação dos fundos DI (que acompanham a Selic).
O mesmo motivo, segundo ele, elimina a hipótese de tributação da poupança (já que os juros remuneram a dívida pública e aumentam a arrecadação do governo), aliada à chegada das eleições. Se Lula mexer (na poupança), aí é que não vai dar mesmo para a Dilma (Roussef, ministra da Casa Civil e possível candidata à Presidência pelo PT), declarou. Sabóia recomenda a diversificação da carteira de investimentos, incluindo o Certificado de Depósito Bancário (CDB).
Com a perspectiva de fim da trajetória de queda da taxa Selic, o investimento em fundo de renda fixa deixa de ser uma boa opção? Está na hora de sair desta aplicação? Creio que esse investimento depende da idade e dos objetivos. Para uma pessoa que está com aplicação em renda fixa e tem 60 anos, ele pode manter ali, não vejo problema, até porque não vai querer correr mais riscos de perder 10%, 15%, 20% (Imposto de Renda). Agora, quando a pessoa é jovem, pode se arriscar bem mais. Então, vale a pena mudar de investimento, perdendo um pouco na saída para ganhar em outros investimentos de melhor solução.
Com a inflação a 5%, a rentabilidade real fica em torno de 4%.
E para se ter ganhos de 4% ao ano, é complicado. Ainda mais que o ano que vem é ano de eleição, quando o governo sempre faz mais gastos públicos e a inflação deve subir mais.
O fato é que a renda fixa nesse momento está prejudicada. Quanto a objetivos, se o dinheiro for para comprar uma casa, esse dinheiro não deve estar em risco. De qualquer forma, é bom que o investidor escolha a melhor hora para sair.
Quais alternativas podem ser mais rentáveis para este momento? O que pode ser melhor nesse momento é o CDB (título de captação das instituições financeiras).
Vale a pena pegar uma parte do dinheiro e investir para ter retorno.
Considero que será melhor do que aplicar na renda fixa. Agora, precisa saber quanto tempo vai deixar o dinheiro também. Teria que dar um ano de prazo, no mínimo, para a corretora vender.
Por que o CDB? Porque ele rende melhor, é papel de banco, que precisa de dinheiro.
Pode ser uma boa alternativa, ainda mais para aquele brasileiro que toda semana pega seu dinheiro e joga tudo na loteria. O cara joga na Mega Sena, perde 100% do dinheiro e depois vai e joga de novo. Tem pesquisas que mostram que 70% das pessoas que ganham dinheiro fácil perdem tudo em cinco anos. Por que não investir? Depois acham que a bolsa é jogatina. Parte da população aplicando em bolsa é uma riqueza para o país, porque gera renda, emprego, tecnologia. Se o país cresce, ele ganha também.
E o Tesouro Direto? O Tesouro Direto (títulos da dívida pública) está indo muito bem. É possível comprar pela internet, mas tem prazos bem curtos para comprar. Mas é fundamental que tenha internet rápida. Acontece que grande parte da população não tem banda larga. Mas a rentabilidade é boa, acima de muitos fundos de renda fixa nos bancos.
Deixar o dinheiro na poupança também pode ser uma boa saída? Sim, mas tem muita diferença de se manter um dinheiro na poupança.
Se tem R$ 10 mil hoje, somente em 2021 esse dinheiro vai dobrar. Se colocar na Bolsa, chega a R$ 20 mil em 2013. Em três anos, pode dobrar o dinheiro na Bolsa.
Agora, se a pessoa está satisfeita com seus 5%, 6% na renda fixa, fique lá.
Se não, procure a Bolsa. Porque lá tem muita gente trabalhando para fazer render o seu dinheiro. A renda fixa financia dívidas do governo, que emite o título e o governo garante uma fonte de reservas. O rendimento é pequeno, mas tem.
Mas as pessoas precisam achar empresas com potencial. Por exemplo, não é difícil imaginar que uma companhia que mexa com o pétroleo do pré-sal possa crescer. As ações da CSN, por exemplo, renderam quase 100% este ano.
Com essa expectativa de que o BC volte a elevar a taxa Selic no segundo trimestre de 2010, o fundo DI vai se tornar novamente atrativo? A elevação é uma hipótese para um ano que vamos ter muitos gastos, por ser ano de eleição. Para o ano que vem, ninguém espera um grande aumento da Selic, mas o BC deve subir mais 0,5% ou 1%. E o fundo DI vai ter uma reação e, dependendo de como o mercado analisar, pode crescer mais durante o ano. Depende do investidor: se não tem grandes expectativas com Divulgação Expo Money seu dinheiro, pode deixar lá e ver como fica. Se quer uma mudança e procura uma melhora de rendimento, seria bom fazer divisões com os investimentos: aplica em fundos, em ações, em renda fixa, no CDB. Ou seja, faz um portfólio grande, e assim ganha 0,5% aqui e 1% ali no outro, assim vai.
Mas quais cuidados os investidores precisam ter? Não acabam pagando muitas taxas de administração? Sim, tem que analisar as penalidades para sair de um e quais os custos para entrar no outro. Não tem que pensar só no retorno, mas na administração também.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse recentemente que a hipótese de tributar a poupança não foi descartada (para aplicações superiores a R$ 50 mil). Acredita nessa medida? Em ano de eleição, com a candidata que (o governo) tem (Dilma Roussef, ministra da Casa Civil), acho que não é viável (mexer na tributação) não. (O governo) vai ter que se virar com outras coisas, como já tentou, com o IOF (de 2%) para investimentos estrangeiros. Se Lula mexer (na poupança), aí é que não vai dar mesmo para a Dilma. Só se for depois da eleição. Na prática, muitos analistas já descartam que o governo faça algo para reduzir a vantagem da poupança sobre os fundos, como tributar a caderneta, por causa da expectativa de aumento da Selic. O grande detalhe é que o governo precisa criar mecanismos de financiamento para o país, porque nas costas da poupança e do FGTS tem muita coisa pendurada.
Mas seriam mais interessantes outros mecanismos, como o governo vender títulos para financiar despesas para obras públicas, como o metrô, levar água para o Nordeste. Tem que tirar esse ônus da poupança e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que é complicada porque tem muita interferência política.
E do ponto de vista do investidor, qual é o melhor modo para entrar em aplicações? Quem está começando tem que cumprir uma escadinha de investimentos.
Primeiro compra uma caderneta de poupança, depois abre uma poupança, no segundo estágio.
Quando junta R$ 2 mil, R$ 3 mil, põe em renda fixa. Mais para frente, pode comprar ações. A partir daí tem que ficar de olho no comportamento do mercado que está muito volátil. Para o ano que vem, tem muita expectativa de ganho de dinheiro, todos apostam num bom ano. Então, é guardar o décimo terceiro e se preparar para entrar na aplicação.
O grande detalhe é que o governo precisa criar mecanismos de financiamento para o país, porque nas costas da poupança e do FGTS têm muita coisa pendurada
Para o ano que vem, ninguém espera grande aumento da Selic, mas o BC deve subir mais 0,5% ou 1%. E o fundo DI vai ter uma reação
Em ano de eleição, com a candidata que (o governo) tem, acho que não é viável (cobrar IR na poupança) não. Vai ter que se virar com outras coisas, como já tentou, com o IOF >
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