Segunda-feira, 1 de Março de 2010.
Polícia investiga a grife Mara Mac, que já teria deixado de pagar R$ 15 milhões de imposto
Fonte: O Globo | Data: 26/2/2010
Fábio Vasconcellos
RIO - Considerada uma das mais famosas grifes de moda feminina do Brasil, a rede de lojas Mara Mac é investigada por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e crime contra a ordem tributária. Policiais da Delegacia Fazendária da Polícia Civil fizeram nesta sexta-feira uma operação de busca e apreensão num escritório da rede, na Rua Sorocaba, em Botafogo. Informações obtidas pela Secretaria estadual de Fazenda, que iniciou as investigações, apontam que a Mara Mac estaria operando em nome de outras nove empresas, com menor faturamento do que esperado, e que teriam como sócios moradores de casas simples de Vila Valqueire, Pavuna e Realengo. Um outro mora em Paris.
O caso surgiu após um trabalho de rotina feito por fiscais da Fazenda num estabelecimento no Rio Design Barra, no ano passado. Ao chegarem ao local, eles descobriram que a Rediva Comércio e Confecção era, na verdade, uma loja da Mara Mac, apesar de não haver registros de que se tratava de uma filial da rede. A partir daí, um outro levantamento da Fazenda indicou que, tanto Rediva como outras oito empresas que também operavam nos shoppings da Zona Sul com o nome Mara Mac, tinham em comum escritórios num mesmo endereço na Rua Sorocaba.
A suspeita dos investigadores é que a Mara Mac tenha feito uma manobra para pagar menos impostos. Ao dividir a rede em nove firmas com menor faturamento, a empresa conseguia participar de um sistema de tributação mais vantajoso. Para a Fazenda, as lojas da grife não podem ser consideradas franquias, mas um negócio que pertence a um mesmo dono. "As sociedades que utilizam Mara Mac não são franquias, mas tão somente sociedades formadas por pessoas interpostas para obtenção de benefícios fiscais ilícitos, ocultação de patrimônio etc", diz um relatório da Secretaria de Fazenda. Além dessa suspeita, a polícia investiga também se os lucros das empresas foram enviados indevidamente para uma das sócias, que mora em Paris. A estimativa é que a rede tenha sonegado nos últimos anos cerca de R$ 15 milhões.
O advogado da Mara Mac contesta a versão. Segundo Valdo Lira Alves, a rede vem passando por dificuldades financeiras desde o ano passado, o que levou a empresária Mara Teixeira MacDowell a comprar as filiais que estavam em nome de outros empresários. Alves afirmou que todas as unidades já estão em nome de Mara e que a dívida com impostos estaduais seria de no máximo R$ 2 milhões. Ele afirmou ainda que a sócia que mora na França deixou o negócio no fim dos anos 90, o que indicaria que os documentos obtidos pela Fazenda estariam desatualizados.
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