20/09/2011
(O RETORNO ÀS CARROÇAS OU JÁ VIMOS ESTE FILME) - Fiergs quer IPI maior para outros importados

Fiergs quer IPI maior para outros importados

19 de setembro de 2011
Entidade pleiteia que medida seja válida aos setores que estão perdendo competitividade com a invasão externa

Além de comemorar o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos importados, a direção da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) quer que a medida seja estendida a outros setores que estariam perdendo espaço com a invasão dos concorrentes externos.

Para a entidade, o aumento acionado pelo governo federal na semana passada para proteger a competitividade dos fabricantes nacionais foi acertado. Já o segmento afetado tenta jogar com estoques e corte de custos para absorver o impacto. A JAC Motors, que tem engatilhada uma planta no Brasil, chegou a cogitar a revisão dos planos, mas deve procurar o governo para conversar. Enquanto não se chegar a uma solução para o câmbio, a maior tributação e a taxação dos importados ou com baixo índice de conteúdo local são ferramentas que o Brasil pode e deve utilizar, afirmou o presidente da entidade gaúcha, Heitor José Müller. A alíquota subiu 30 pontos percentuais, passando de 13% para 43%. Para modelos da montadora chinesa, o efeito será de aumento de 230% na conta tributária, conforme nota divulgada pelo escritório brasileiro da marca.

Müller defendeu que as equipes das áreas da Fazenda e do Desenvolvimento busquem equilíbrio de preços entre produtos fabricados internamente e os importados. As nossas relações internacionais exigem monitoramento permanente visando sempre a evitar os desequilíbrios que prejudicam as empresas estabelecidas no País. Precisamos estar vigilantes 24 horas por dia, advertiu o dirigente.

Segundo o industrial, o País pode ser ousado no uso das taxações. Mesmo um eventual questionamento junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), que poderá ser feito pelos países afetados, será respondido com elementos relacionados à atuação de fabricantes acusados de praticar preços abaixo do custo na origem.

Nenhuma nação estrangeira ignora o enorme mercado interno que temos. Se sofrermos alguma advertência da OMC, basta mostrar o dumping econômico e social e os subsídios que muitas nações infelizmente praticam, elencou o presidente da Fiergs. Para Müller, o aumento do IPI cumpriu aviso que a presidente Dilma Rousseff havia dado no Dia da Independência, em 7 de setembro, quando preveniu que não permitiria ataques às indústrias e aos empregos, referindo-se à concorrência desleal de itens estrangeiros.

Em nota, a direção brasileira da JAC Motors indicou que a nova alíquota equivale a um imposto de 85% para os carros originados fora do eixo do Mercosul e do México. O Brasil tem acordos com as duas regiões para zerar o IPI. A marca chinesa alega que a OMC considera a taxa de 35% como teto para o tributo e criticou o uso da alíquota para regular o comércio exterior. Essa medida protecionista é ainda mais severa do que a mudança do imposto de importação em 1995, quando o tributo subiu de 32% para 70%, contrastou a empresa. Também comparou que a economia sofria com maior déficit na balança comercial e baixas reservas cambiais. A montadora citou ainda que seus modelos respondem por apenas 1% das vendas internas e que todas as marcas da China representam 2,5% do mercado, funcionando como reguladoras de preços. Não há invasão chinesa, reagiu o escritório. A empresa diz que tem estoques e que alterará as tabelas. Todos os planos para a construção de uma fábrica no Brasil, com investimento de R$ 900 milhões, permanecem inalterados, garantiu a direção no Brasil.

Jornal do Comércio
Patrícia Comunello
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