Fiergs quer IPI maior para outros importados
19 de setembro de 2011
Entidade pleiteia que medida seja válida aos setores que estão perdendo competitividade com a invasão externa
Além de comemorar o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos importados, a direção da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) quer que a medida seja estendida a outros setores que estariam perdendo espaço com a invasão dos concorrentes externos.
Para a entidade, o aumento acionado pelo governo federal na semana passada para proteger a competitividade dos fabricantes nacionais foi acertado. Já o segmento afetado tenta jogar com estoques e corte de custos para absorver o impacto. A JAC Motors, que tem engatilhada uma planta no Brasil, chegou a cogitar a revisão dos planos, mas deve procurar o governo para conversar. Enquanto não se chegar a uma solução para o câmbio, a maior tributação e a taxação dos importados ou com baixo índice de conteúdo local são ferramentas que o Brasil pode e deve utilizar, afirmou o presidente da entidade gaúcha, Heitor José Müller. A alíquota subiu 30 pontos percentuais, passando de 13% para 43%. Para modelos da montadora chinesa, o efeito será de aumento de 230% na conta tributária, conforme nota divulgada pelo escritório brasileiro da marca.
Müller defendeu que as equipes das áreas da Fazenda e do Desenvolvimento busquem equilíbrio de preços entre produtos fabricados internamente e os importados. As nossas relações internacionais exigem monitoramento permanente visando sempre a evitar os desequilíbrios que prejudicam as empresas estabelecidas no País. Precisamos estar vigilantes 24 horas por dia, advertiu o dirigente.
Segundo o industrial, o País pode ser ousado no uso das taxações. Mesmo um eventual questionamento junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), que poderá ser feito pelos países afetados, será respondido com elementos relacionados à atuação de fabricantes acusados de praticar preços abaixo do custo na origem.
Nenhuma nação estrangeira ignora o enorme mercado interno que temos. Se sofrermos alguma advertência da OMC, basta mostrar o dumping econômico e social e os subsídios que muitas nações infelizmente praticam, elencou o presidente da Fiergs. Para Müller, o aumento do IPI cumpriu aviso que a presidente Dilma Rousseff havia dado no Dia da Independência, em 7 de setembro, quando preveniu que não permitiria ataques às indústrias e aos empregos, referindo-se à concorrência desleal de itens estrangeiros.
Em nota, a direção brasileira da JAC Motors indicou que a nova alíquota equivale a um imposto de 85% para os carros originados fora do eixo do Mercosul e do México. O Brasil tem acordos com as duas regiões para zerar o IPI. A marca chinesa alega que a OMC considera a taxa de 35% como teto para o tributo e criticou o uso da alíquota para regular o comércio exterior. Essa medida protecionista é ainda mais severa do que a mudança do imposto de importação em 1995, quando o tributo subiu de 32% para 70%, contrastou a empresa. Também comparou que a economia sofria com maior déficit na balança comercial e baixas reservas cambiais. A montadora citou ainda que seus modelos respondem por apenas 1% das vendas internas e que todas as marcas da China representam 2,5% do mercado, funcionando como reguladoras de preços. Não há invasão chinesa, reagiu o escritório. A empresa diz que tem estoques e que alterará as tabelas. Todos os planos para a construção de uma fábrica no Brasil, com investimento de R$ 900 milhões, permanecem inalterados, garantiu a direção no Brasil.
Jornal do Comércio
Patrícia Comunello
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